O soldado cavalga pelos campos de batalha, segue sem um rumo certo, em busca de um novo objetivo de vida. O sol se oculta no horizonte, aquele pôr do sol capaz de enfeitiçar quem o presencia. Árvores balançam com o vento da região. Ao longe, o jovem rapaz deixa seu lugar, mas qual seria ele? Seus companheiros mortos naquele campo, a violência ao redor, feridos em busca de uma nova oportunidade. E ele, sem saber que caminho seguir. Apenas deixaria o vento conduzi-lo e assim, encontraria o melhor sonho que pudesse vivenciar.
Uma família e um destino sofrido, muitas paixões e caminhos que se cruzam. Nada é por acaso, muito menos o sofrimento. Será que a família Terra sabe disso? As mulheres estavam destinadas a sofrer e a carregar o legado de uma família? O filme “O tempo e o vento” estreará no dia 27 de setembro e traz um elenco de peso para transformar as palavras escritas em um filme. A responsabilidade de dar vida ao livro de Érico Veríssimo, “O continente”, ficou com o diretor Jayme Monjardim, o mesmo de “Olga” e muitas outras novelas, inclusive “A Flor do Caribe”.
O cenário desta história é no Rio Grande do Sul, no final do século XIX. Em meio às guerras e movimentos separatistas, duas famílias gaúchas mantêm uma rivalidade que ultrapassa gerações. Um enredo marcado de sofrimento, muita luta e o sonho de uma vida melhor. O primeiro ponto a chamar mais atenção é a fotografia do filme. Lindas paisagens, a iluminação consegue complementar o cenário e imagens de tirar o fôlego. O responsável por esta excelente direção de fotografia, foi Affonso Beato, que possui carreira internacional e teve o prazer de trabalhar com Almodóvar, Glauber Rocha e Walter Salles. Com uma carreira consolidada no exterior e muita experiência na área, nos conquista em cada imagem produzida. Uma mais linda que a outra e com os movimentos de câmera nos fazem adentrar nesta história. Planos detalhes em algumas situações dão um toque especial para a cena, o interessante é quanto utiliza estes planos para marcar o início de outra cena como uma passagem de tempo, sem utilizar as transições convencionais. A edição segue o ritmo do roteiro e muito bem trabalhada.
Mas este resultado já era de se esperar, já que Monjardim está na direção e teve um trabalho grande para desenvolver este longa-metragem. O roteiro demorou 4 anos para ficar pronto e teve muita pesquisa envolvida. Além dos atores que foram selecionados a dedo e cada um marcou sua presença na história. Thiago Lacerda interpretou o capitão Rodrigo, um jovem que não veio de um lugar específico, mas sabia onde queria ficar. Com um jeito bricalhão, divertido e conquistador, tira algumas risadas do público com seus comentários sinceros e irônicos.
A Fernanda Montenegro ficou responsável pela narração e a oportunidade de viver Bibiana. Uma idealista que se apaixona loucamente por Rodrigo. Como sempre, impecável em suas atuações. Porém tem duas atrizes que tiveram uma grande responsabilidade em interpretar seus papéis. A primeira, foi Cléo Pires, dando vida a Ana Terra, personagem muito conhecido do autor e que Glória Pires já tinha interpretado anteriormente. Era uma nova oportunidade e foi uma grande escolha.
E Marjorie Estiano, a atriz que iniciou sua carreira televisiva em Malhação, comprova a cada trabalho para que veio. Além de sua capacidade melhorar a cada personagem. Porém, interpretar Bibiana mais jovem, foi desafiante, ainda mais tendo Fernanda Montenegro como base. Ela agarrou esta oportunidade e fez seu melhor.
Na pré-estreia que teve em Curitiba, compareceu o diretor Monjardim, o ator José Henrique Ligabue e a atriz Marjorie Estiano. O ator que foi uma grande revelação comenta em uma conversa informal o quanto foi uma experiência maravilhosa fazer parte desta produção, além do mais, é gaúcho, então tem um carinho especial pela região. Ele interpreta o irmão de Ana Terra e o faz bem.
E Estiano explica da sorte que teve em participar desta grande produção e com personagens fortes e consistentes criados por Veríssimo. Com sua simpatia, conversou com repórteres e explicou um pouco sobre o processo de produção.
Antes do início da sessão, Monjardim agradeceu a todos e explanou sobre o imenso trabalho para a produção do filme. Sete anos para ficar pronto e transformar uma grande obra em um excelente longa-metragem. Um sonho realizado e para quem sabe, não é nada fácil fazer uma produção cinematográfica, ainda mais de uma obra tão rica, complexa e forte como “O continente”.
É muito bom participar de um evento destes e analisar o quanto o cinema nacional está evoluindo, gerando novas oportunidades e provando o valor que tem. Este em especial foi gravado com a câmera que filma em 4k. Isto quer dizer que é 4096×2160, o dobro de uma full hd. Nós temos condições tecnológicas para grandes produções basta financiarmos mais esta área.
Como ainda não li o livro, não posso fazer comparações, mas como sempre, o livro deve ser melhor, por questão de riquezas de detalhes, situações e melhores explicações. Porém, pode-se dizer que o filme como um todo é interessante, bem produzido e com ótimos atores. Só no fim de semana de estreia no Rio Grande do Sul já ultrapassou 70 mil pessoas que assistiram ao filme. Para o resto do Brasil será no dia 27 de setembro. E você? Vai assisti-lo no próximo fim de semana e valorizar o nosso cinema que está em eterna evolução?
Para quem ainda não viu o trailer, deixo abaixo para conferirem.
Anaisa Lejambre
Jornalista – Reg. Profissional: 8112 / PR
Promete! Uma combinação de ótimos atores, história, belos lugares e um roteiro que demorou quatro anos para ficar pronto… Quero ir ver.
Verdade. Uma ótima combinação. Vale a pena assisti-lo.
Apesar de você ter escrito que não leu o livro, seus comentários sobre o filme são impecáveis. Li o livro e vi a primeira versão feita com o Tarcísio Meira no papel do Capitão Rodrigo. A nossa ‘História’ é muito rica. Com certeza o filme fará muito sucesso. E ninguém melhor que Tiago Lacerda para fazer o papel do capitão. Marjorie Estiano é uma surpresa a cada trabalho que faz. Fernanda Montenegro não precisa mais de elogios. Ela é o que é. Parabéns mais uma vez por apresentar um excelente trabalho como jornalista. Bjs
Infelizmente, ainda não o li, porém, fiquei com muita vontade após assistir ao filme. E eu não assisti a esta primeira versão, mas com Tarcísio Meira vale a pena. É complicado na hora de escolher atores para adentrar em uma história como a do Érico Veríssimo, mas para o filme foi excelente. Fico muito feliz com este tipo de produção, ao notar do que nosso cinema é capaz. Muito obrigada pelo comentário e que bom que gostou do texto. Beijos.
Voce sabe que sempre há uma certa distancia entre a literatura e a producao cinematográfica,e voce conseguiu com sua analise despertar o interesse para que mesmo os que tenham tido a oportunidade de ler a obra tenham interesse em assistir ao filme.Voce conseguiu transmitir a nos os esforços para a perfeição da producao,além evidentemente de ressaltar a atuação extraordinária dos atores e, por outro lado despertou em quem nao leu as obras o desejo de conhece-las, num Pais que ainda se lê muito pouco isto e louvável,por outro lado contribuiu para que possamos valorizar de forma correta a evolução de nosso cinema nacional.
Fico feliz que esteja interessada em assisti-lo. É muito interessante e uma grande produção nacional. Recomendo. O nosso cinema evolui a cada dia e é bom fazer parte disso. Acompanhar este desenvolvimento e amadurecimento. Para este filme, foi muita dedicação por parte de todos e isto se nota no longa-metragem. Espero que goste quando assisti-lo.