Uma viagem pelas palavras escritas, um mundo novo a cada história, um fascínio pelo desconhecido e a capacidade de criar personagens inesquecíveis. Por que se apaixonar pelas palavras? O que elas têm que nos atraem tanto? Você roubaria para ter estas palavras mais perto de você? E se não soubesse o que elas significam? Você gostaria de tê-las com você? O livro “A menina que roubava livros”, de Markus Zusak, conquistou leitores do mundo todo e agora estará nas telonas para enfeitiçar o público com a história de Liesel Meminger.
Uma jovem que sobrevive a Segunda Guerra Mundial por meio dos livros que ela rouba. No início era apenas uma curiosidade por aquele objeto, depois, seu pai adotivo a ensinará a ler e partilhar deste mundo interessante. O primeiro livro se torna essencial a sua vida, um primeiro roubo e o contato direto com as letras impressas. Além disso, ela divide com seu melhor amigo Rudy Steiner momentos divertidos em meio a guerra. Futebol, roubo, livros, conversas e uma paixão juvenil. Sua vida muda quando um foragido aparece em sua casa, o judeu Max Vanderburg. Um amigo que a compreende e nutre o mesmo ódio por Hitler. Muitas foram as noites de conversa, leitura, histórias e criatividade compartilhada pelos dois.
Um livro fascinante que traz uma lição de vida. Uma guerra vista pelos olhos de uma criança inocente. E pessoas que iam de encontro aos seus ideais por medo. Uma história contada pela visão da morte. Parece fúnebre, mas não é. “Quando a morte conta uma história, você deve parar para ler”. E é isto que acontece. Para muitos uma adaptação de livro pode estragar com a história, mas neste caso não foi o que aconteceu. Claro que tem muito mais situações e detalhes que não tiveram como passar para o longa-metragem, mas a essência dos personagens e da história é transmitida no filme. Algo muito difícil de alcançar. A narração da morte aparece para pontuar em alguns momentos, sendo sutil e dando um toque como se fosse o livro. Os atores selecionados são os personagens descritos na obra, eles representam perfeitamente a criação de Zusak.
Sophie Nélisse interpreta a roubadora de livros, a Liesel. Não podia imaginar outra atriz para substituí-la. Conquista o público que leu e não leu o livro. Ao lado de Ben Schnetzer, que traz a vida o judeu Max. E o Nico Liersch, como o grande amigo Rudy. Trouxeram às telonas personagens essenciais para a vida da jovem. Cada um a sua maneira. Mas confesso que o primeiro ator que me deparei e pensei: Nossa, ele é perfeito para o papel, foi Geoffrey Rush, com o personagem de Hans Hubermann, o pai adotivo de Liesel. Não podia ter sido escolhido outro ator para esta interpretação. O pai adotivo é uma pessoa que acredita em seus ideais e tenta melhorar a época defendendo suas crenças a sua maneira. Ele conquista o leitor desde o início com o carinho que possui pela filha adotiva e a superproteção. Um homem carismático e que tenta ajudar quem lhe procura. E por último a atriz Emily Watson como Rosa Hubermann, a mãe adotiva. Apesar de uma grande atuação, de primeira, não imaginava a personagem assim, mas em suas atitudes é a própria Sra.Hubermann.
Outro ponto positivo é a fotografia do filme que é impressionante, muito bem trabalhada e desenvolvida. Os lugares do livro foram recriados perfeitamente pelo filme. E o ar que ele passa ao público é de tristeza, de obediência, de uma época sofrida, em que a opinião era oprimida e as pessoas viviam com medo. E estes objetivos são complementados pela perfeita trilha sonora do filme. Com certeza é uma excelente produção cinematográfica.
Porém, apesar de todos estes pontos positivos, tem algumas cenas que não tinham no livro e acabam sendo muito forçada no filme. O final, por exemplo, possui uma cena que os leitores saberão qual é e foi desnecessária aquela reação do Rudy. Claro que não darei spoiler, então não poderei contar qual é, infelizmente. Outro ponto negativo é pelo fato de o filme ser mais lento, enquanto o livro a pessoa tem vontade de passar de um capítulo a outro para terminá-lo logo. Algumas cenas essenciais também faltaram, inclusive entre as conversas com Rudy e Liesel ou dela com o Max. Reações ou personagens que não foram passados ao roteiro diminuem a intensidade da obra. É difícil fazer uma adaptação e mesmo com todos estes pontos negativos, percebe-se que o essencial foi passado ao público e objetivo de comovê-lo foi alcançado.
O que posso dizer é que provavelmente os leitores não sairão decepcionados com esta adaptação. Mesmo que muitos acontecimentos não foram passados ao filme, a essência da história está ali nas telonas. Conseguiram pegar alguns pontos importantes e transformá-lo em um excelente roteiro adaptado, tendo um início, meio e fim bem desenvolvido. Com certeza é muito difícil adaptar uma obra literária, mas é fascinante quando alcança o objetivo.
O responsável pela direção foi Brian Percival que é conhecido pelo trabalho na série Downtown Abbey se arriscou em sair de sua área televisiva para a adaptação de um best-seller. Com excelentes atores, tentou trazer ao longa-metragem uma proximidade com os personagens escritos pelo Zusak. E com grande satisfação digo que conseguiu.
A FOX 2000 responsável pela produção comprou os direitos do livro em 2006, sendo que o projeto foi desenvolvido apenas o ano passado. Valeu a pena esta grande espera. Para quem ainda não viu o trailer, deixo abaixo para darem uma conferida. A estreia acontecerá no dia 31 de janeiro.
Bela história. Bela apresentação. Parabéns Anaisa. Bjs
Obrigada. Fico feliz que continue lendo minhas resenhas. E assista ao filme, vale a pena. 😉 Bjus.
Ana, vi o filme ontem e simplesmente amei!!! Já tinha lido o livro antes, e, realmente, o filme não deixou nada a desejar. Emocionante!